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Entendendo aIncontinência

Incontinência urinária atinge também os homens

13 de Agosto de 2020
TENA

Para urologista, eles também precisam quebrar o tabu que existe ao redor da condição.

A incontinência urinária - escape involuntário de urina - não atinge somente as mulheres. A disfunção, que pode aparecer em qualquer fase da vida, acomete também os homens. E, na maioria das vezes, é cercada de desconhecimento. Os homens têm incontinência, sim, e por vários fatores, afirma o urologista José Carlos Truzzi, chefe do setor de Urologia do Fleury.

No Brasil, estima-se que 10 milhões de pessoas sofram de incontinência. Um estudo conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) em sete países da América Latina, que incluiu 2.173 pacientes brasileiros, mostrou que 9% dos homens entre 60 e 74 anos tiveram incontinência urinária. A incidência subia para 23% na população acima de 75 anos.

Aceitar a incontinência como algo natural também pode ser comum por desconhecimento. Em 2006 um estudo feito no Rio Grande do Sul com 848 homens e mulheres com idades entre 15 e 55 anos revelou que aproximadamente 18% dos participantes sofriam de bexiga hiperativa, uma das causas da incontinência. E que somente 27% procuraram um médico.

“A incontinência não deve ser vista como algo normal”, alerta o urologista, que fala mais sobre o tema nesta entrevista.

Muitas pessoas acham que incontinência urinária é uma condição que só atinge as mulheres. Mas também é acomete os homens?

José Carlos Truzzi – A incontinência urinária é a perda involuntária de urina, quando ela sai sem que a pessoa esteja com vontade de urinar naquele momento. Isso pode ocorrer em criança, jovens, adultos e idosos, tanto em homens quanto mulheres. Ela é mais notória em mulheres, mas não é exclusiva. Incontinência também acomete os homens.

Quais são as causas da incontinência urinária nos homens?

José Carlos Truzzi - Uma das situações mais comuns em que ocorre a incontinência nos homens é por bexiga hiperativa. Ou seja, uma atividade aumentada da bexiga, que tem diversas potenciais causas, como aumento da próstata, problemas neurológicos ou até mesmo por mau funcionamento da bexiga mesmo sem causa esclarecida. É uma causa frequente nos homens.

Pacientes em tratamento de câncer de próstata também podem sofrer algum grau de incontinência?

José Carlos Truzzi - Sim. O problema pode se desenvolver também como efeito colateral de tratamento de câncer da próstata, tanto cirúrgico quanto depois de sessões de radioterapia. Não é obrigatório acontecer, mas é uma causa também frequente. Há ainda questões de trauma na bexiga que levam a essa condição.

Tem como prevenir a incontinência?

José Carlos Truzzi - A causa não é antecipada, não tem como prevenir. O que existe como medida que pode ajudar a minimizar esse risco seria: se o homem apresenta alteração do padrão urinário, percebe que está indo ao banheiro com maior frequência, mesmo ainda que não esteja com incontinência, é interessante que ele procure um médico, para uma avaliação urológica para poder ser tratado de uma potencial hiperatividade da bexiga.

Aí sim, talvez, ele consegue se prevenir, porque uma doença que ainda está em evolução vai ser controlada antes. Se existe aumento da próstata e não deixa chegar a um ponto mais crítico, ele será submetido a um tratamento menos invasivo e, consequentemente, o risco de incontinência será menor. Mas não existe prevenção com alimentação ou exercícios para o sexo masculino.

Sendo assim, ao primeiro sinal, o ideal é procurar um médico para evitar agravamento?

José Carlos Truzzi - A qualquer sinal de incontinência urinária, o primeiro passo a ser dado é agendar uma consulta com um urologista. A incontinência urinária não deve ser vista como algo normal, mas sim, como algo passível de ser tratada. A grande maioria dos casos pode ser solucionada por completo. Não tratada, pode implicar em consequênciasmais graves.

Referências Tamanine et al, Cadernos de Saúde Pública, RJ, volume 25, 2009. Acessado em https://portaldaurologia.org.br/doencas/incontinencia-urinaria/ Teloken et al, revista European Urology, 2006.