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Entendendo aIncontinência

Universidade Aberta da Terceira Idade

9 de Setembro de 2016
TENA

Se um universitário pudesse escolher cursar apenas as disciplinas de seu interesse – sem obrigatórias -, certamente estudar seria ainda mais prazeroso. Isso pode não ser possível para os jovens alunos, mas acontece em um grande número de programas para idosos. São as Universidades Abertas da Terceira Idade.

O programa nasceu na Universidade de Ciências Sociais de Toulouse, na França, em 1973. Dois anos depois, se espalhou pelo mundo e, em 1982, no Brasil, a primeira universidade a adotar algo parecido foi a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio de um Núcleo de Estudos da Terceira Idade.Em 1990, a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), abriu seu programa exatamente nos moldes franceses, oferecendo atividades de interesse dos idosos. Atualmente, há mais de 200 desses programas nos mais diversos países. “Em todo o mundo, é o programa educacional mais bem-sucedido dedicado aos idosos”, conta Meire Cachioni, professora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia e da Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI) da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP).

Embora muitos programas ofereçam também atividades culturais e físicas, a proposta das Universidades para Terceira Idade é muito diferente da dinâmica de um centro de convivência. “Aqui eles nos procuram não para lazer, mas para buscar conhecimento”, diz Meire.Na EACH, a UnATI teve início em 2006 e desde então oferece disciplinas como Cuidados Paliativos, Finitude e Morte; Políticas e Programas de Saúde da Mulher e Sociedade, Meio Ambiente e Cidadania, entre outras.

Nessas, os idosos dividem a sala de aula com os alunos regulares dos cursos. Parte dessas disciplinas demandam que o idoso tenha o ensino médio, outras não têm pré-requisito.Além dessa possibilidade, os alunos acima de 60 anos têm a oportunidade de realizar atividades específicas elaboradas especialmente pelos professores e alunos da USP para eles, as chamadas atividades complementares didático-culturais e físico-esportivas. Nessa categoria, as opções são muitas e incluem aulas de informática, uso de tablet, teatro, dança, inglês e inúmeras outras.

Para essas atividades complementares não é preciso ter nenhuma formação – nem mesmo é necessário ser alfabetizado.“Como temos o bacharelado de gerontologia, desenvolvemos muitas atividades que trabalham demandas específicas do envelhecimento para nossos alunos idosos”, diz Meire. Atualmente, a EACH recebe cerca de 300 idosos por semestre. “Hoje talvez sejamos a universidade com o maior número de atividades e idosos no mesmo espaço”. O sucesso do programa é tamanho, que eles costumam receber não só a população da terceira idade da região onde a EACH está localizada – na zona leste de São Paulo – como de municípios próximos.

Na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), na unidade Vila Clementino, a Universidade Aberta à Terceira Idade (Uati) teve início em 1999.

No começo, aceitavam alunos com mais de 50 anos, mas com a grande procura de interessados, tiveram que restringir a matrícula para os maiores de 60. Ali, todas as atividades são especiais para os idosos, englobando questões de saúde, história da arte e administração da própria vida, entre outros. A cada semestre, o aluno cursa um módulo que lhe é proposto, abordando diversas temáticas. “Montamos o programa com a preocupação de abordar assuntos que possam ajudar os idosos nesse processo de envelhecimento e na integração com a sociedade”, explica Claudia Ajzen, psicóloga especialista em Gerontologia e coordenadora da Uati Unifesp Vila Clementino.

Além do programa básico, os alunos podem ainda cursar duas disciplinas eletivas: inglês e informática, ministradas por alunos universitários. Por ano, passam pela Unifesp Vila Clementino 150 idosos.As vantagens para as universidades ao abrirem as portas para os idosos são muitas.

É possível desenvolver pesquisas sobre envelhecimento e gerontologia a partir das atividades propostas, bem como permitir que os alunos de graduação e pós-graduação participem dos programas e acumulem experiência em ministrar aulas. No entanto, ambas as coordenadoras da EACH e da Unifesp destacam que a principal vantagem para a universidade é realmente a convivência intergeracional. “Isso faz bem para o idoso, mas também para os jovens, que desmistificam o envelhecimento e percebem que o idoso só é diferente deles porque nasceu antes”, conta Claudia.