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Entendendo aIncontinência

Perda de memória x doença de Alzheimer: como diferenciar e o que fazer em cada caso?

15 de Setembro de 2016
TENA

“Envelhecer não significa perder a memória, e a maioria das queixas de esquecimento não é devido a alguma doença, mas causada por noites mal dormidas e estresse, que levam a aos lapsos de memória, perda de atenção e de concentração”, explica o geriatra e doutor em Gerontologia Paulo Renato Canineu.Isso significa que, assim como o adulto em qualquer faixa etária, o idoso está sujeito a esses lapsos que, embora possam ser desagradáveis, não trazem consequências graves, já que não atrapalham as atividades da vida diária. São aqueles episódios que acontecem a todos de “esqueci na hora e lembrei mais tarde”.

No entanto, quando se tornam frequentes, esses esquecimentos também podem ser sinal de que algo não vai bem. “Mesmo quando lembra mais tarde ou outro dia, é preciso ficar atento se os episódios não estão muito constantes. Aí é hora de procurar ajuda”, explica Mariela Besse, terapeuta ocupacional e especialista em Gerontologia.

A ajuda a ser buscada, nesse caso, é junto ao médico que, por meio de uma boa anamnese, pode analisar a situação e descartar ou confirmar sinais iniciais de doença de Alzheimer. De início, é preciso verificar se o idoso está mais estressado, ansioso ou com sinais de depressão – todos motivos que justificam lapsos de memória. “Nesses casos, o idoso está pensando em outras coisas e não focando atenção ao momento presente”, explica a neuropsicóloga Gislaine Gil, coordenadora do Programa Cérebro Ativo do Hospital Sírio-Libanês.

No consultório do geriatra, o diagnóstico de Alzheimer é feito por exclusão, diz Gislaine. “Ele precisa verificar que a pessoa não é hipertensa e não está fazendo picos de hipertensão; se não é interação medicamentosa, que também pode alterar a memória; nem se há apneia do sono. Tudo excluído, o médico deverá pedir uma avaliação neuropsicológica”, afirma. Isso porque é preciso saber qual tipo de memória está alterada – se a de curto prazo ou de longo prazo –, ou até se não é simples falta de atenção ou desorganização.“Infelizmente esse paciente com transtorno cognitivo leve é o que menos recebemos para fazer prevenção. Normalmente o idoso chega com um comprometimento maior de memória, quando as falhas já afetam sua rotina e sua capacidade funcional”, explica Mariela.Treinamento cerebralSegundo Canineu, mesmo que não haja demência ou doença de Alzheimer, se a memória estiver apresentando lapsos que chegam a estressar o idoso, é interessante procurar um grupo de estimulação cognitiva, já que, sim, a atenção tem prejuízo com o envelhecimento.“É normal que o idoso fique mais lento em relação a recordar, demora um pouco mais para processar.

A atenção tem um desempenho menor do que nos demais adultos”, diz o geriatra.Nos grupos de estimulação cognitiva, são passadas dicas para estimulação cerebral. “Trabalhamos estratégias específicas para melhorar o desempenho da memória”, explica Gislaine.

Dicas práticas para treinar a memória• O idoso não consegue guardar informações após ler um texto: faça a leitura em lugar sem barulho e procure ler uma linha por vez e pensar no que leu. Tente fazer perguntas mentais ao texto, pois elas servirão no futuro como dicas para se lembrar do assunto.• O idoso pega o carro e faz um caminho rotineiro ao invés de ir ao local aonde pretendia: para sair do “piloto automático” mental, cole no volante algo chamativo, como um símbolo vermelho, uma fita colorida ou algo que faça com que a pessoa tenha que pensar quando entre no carro. Assim, fica mais fácil recordar o que deve ser feito.• O idoso perde suas coisas pela casa: crie uma rotina de locais onde guardar tudo. Pendure um porta-chaves ao lado da entrada da casa para que todas as chaves sejam colocadas ali.

Deixa a caixinha de óculos ao lado do sofá, organize a lista de compras por categoria para facilitar a lembrança – produtos matinais, de limpeza e assim será mais fácil se lembrar do que precisa comprar.• O idoso não lembra o nome de pessoas: quando encontrar alguém, se ela disser o nome ou o idoso se recordar a princípio, repita diversas vezes o nome durante a conversa para tentar memorizar.• Diversifique suas atividades: tenha um hobby, aprenda um idioma novo, toque um instrumento. A regra é desafiar o cérebro a sempre aprender coisas novas por meio do envolvimento em atividades diferentes, que estimulem diferentes funções cognitivas.• Faça sempre trajetos diferentes para casa.• Não faça nada no automático: tome banho de olhos fechados para pensar na parte do corpo que está lavando, beba água com a mão esquerda se for destro.

Quebre os padrões.Fontes: Gislaine Gil, neuropsicóloga e coordenadora do Programa Cérebro Ativo do Hospital Sírio-Libanês, e Mariela Besse, terapeuta ocupacional e especialista em GerontologiaQuando a perda de memória é sinal de doençaAs falhas de memória no caso de Alzheimer ou outros tipos de demência começam a deixar a vida diária bem mais complicada.

São comuns os casos em que o idoso não consegue mais fazer atividades que antes eram rotineiras e até mecânicas, como por exemplo, trocar o botijão de gás da cozinha ou fazer arroz. Também são sinais quando o idoso se perde para percorrer caminhos antes familiares, como ir à casa de um filho, à padaria ou à farmácia, ou quando esquece o nome de pessoas muito próximas. Ou ele se esquece de algo e não só não se lembra depois, como precisa que alguém insista muito para que isso aconteça, dando diversas pistas.

Nesses casos, o médico deve entrar imediatamente com a medicação a fim de deter a doença no ponto em que for diagnosticada. “Os remédios são para os sintomas apenas, ainda não há cura para demência ou Alzheimer”, explica Canineu. “Mas estamos próximos de desenvolver tratamentos que interrompem a doença e, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais medidas disponíveis temos”, diz o médico. Uma delas é minimizar fatores de risco que podem aumentar a velocidade do Alzheimer, como hipertensão, diabetes, depressão e diminuir o depósito de gorduras nas artérias. “Isso mais o treinamento cognitivo pode retardar muito a evolução da doença”. Quando já há comprometimentoAlgumas medidas podem ajudar muito a organizar o dia a dia mesmo de quem já está com algum nível de demência ou Alzheimer.

São elas:• Organizar a rotina, mantendo as atividades da vida diária do idoso sempre no mesmo horário, incluindo refeições, banho e horário de dormir e acordar. Isso ajuda o corpo também a ter fome e sono nos horários adequados.• Realizar as atividades no mesmo dia da semana. Ex: Missa sempre aos domingos, visita da filha às quintas, etc.• Manter a casa organizada, com as coisas sempre no mesmo lugar.• Sempre que possível, manter atividade física, pois ela melhora a circulação sanguínea e previne o envelhecimento cerebral.