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Entendendo aIncontinência

Institucionalização de idosos: principais causas

14 de Fevereiro de 2017
TENA

No Brasil, o momento de institucionalizar um idoso costuma ser difícil. “Ainda há muito preconceito em relação às instituições”, diz a psicóloga Cleofa Toniolo, diretora de Atenção ao Cliente do Residencial Toniolo. No entanto, a decisão é tomada quando a família já não consegue mais tomar conta do idoso que, comumente, já chega à instituição de longa permanência com certo grau de dependência.

Na instituição em que Cleofa atua, predominam idosos com algum grau de demência. Além do fato de nenhum familiar mais poder cuidar desse idoso, seja por motivos de trabalho ou de stress do cuidador, é comum que algum fato seja o marco para a decisão. “É comum que a institucionalização ocorra após uma queda. Nesse momento, os familiares percebem que não dão mais conta dos cuidados”, afirma a psicóloga.Pesquisas realizadas no Brasil indicam os motivos mais comuns para institucionalização. Um estudo publicado na Revista de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina e da Universidade Federal de Pelotas junto a 991 idosos em Pelotas, sendo 393 institucionalizados, apontou o perfil do idoso que acaba indo para a ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos. A maioria é mulher, acima dos 80 anos, que vivia sem companheiros (viúvas, solteiras ou separadas), sem escolaridade formal e com incapacidade funcional para atividades da vida diária. Também há maior institucionalização entre os idosos pouco ativos ou inativos – que não realizavam atividade física.

Outro estudo, publicado na Revista Latino-americana de Enfermagem, publicação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP, traz dados obtidos junto a idosos em ILPIs em Natal, no Rio Grande do Norte. A amostra da pesquisa foi de 30% dos moradores de três instituições de longa permanência da capital potiguar, todas de caráter filantrópico. O perfil dos idosos é muito similar ao encontrado na pesquisa realizada no Sul do país. Em duas das instituições, 58% são mulheres – na terceira, elas são 100%. Muitos têm mais de 80 anos, 48% são solteiros em duas instituições e 79% viúvos ou separados na terceira. Quase metade não é alfabetizada.

No entanto, ao contrário dos idosos do Sul, a grande maioria não apresenta incapacidade funcional. Incontinência urinária em idosos em ILPIsA incontinência urinária, mais comum em mulheres, não costuma ser motivo de institucionalização no Brasil. “A família institucionaliza o idoso por outros motivos, e a incontinência é uma das complicações que podem vir com a demência, por exemplo”, diz a médica infectologista Carolina Zenatti. “O idoso independente e autônomo, com incontinência urinária, é capaz de trocar seu próprio absorvente, portanto o problema não é limitante”, diz.Carolina atualmente realiza uma pesquisa sobre critérios de prescrição de antibióticos por geriatras para idosos em ILPIs.

Por esse motivo, tem estudado idosos institucionalizados com incontinência urinária, sonda vesical e/ou uso de fraldas. A pesquisa ainda está no início, mas a médica percebe que é alto o índice de incontinência entre idosos institucionalizados.A literatura científica aponta uma frequência média mundial de 58% de idosos incontinentes nas instituições de longa permanência, em especial entre mulheres. Esse índice é o dobro da porcentagem encontrada entre idosos não institucionalizados.

E as razões apontadas para essa frequência são justamente a maior presença de comorbidades nos institucionalizados e restrições físicas, ou seja, menor mobilidade.Segundo os estudos, a incontinência urinária é um problema altamente frequente nas instituições, sendo a mais comum a de esforço, seguida da de urgência. Uma revisão de literatura, publicada na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) aponta que, dos estudos realizados no Brasil, a maioria sugere que parece haver relação entre incontinência urinária e declínio funcional e cognitivo, seguindo o mesmo que é mostrado em estudos internacionais.