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Entendendo aIncontinência

As modalidades de serviço para idosos

7 de Setembro de 2016
TENA

Não é raro que as famílias se sintam perdidas diante dos termos que descrevem serviços para idosos. Instituições de longa permanência, centros de convivência, centros-dia, home care… o que cada um desses estabelecimentos pode oferecer para o idoso?

É preciso conhecer bem como cada um desses serviços funciona e para qual perfil de idoso é mais indicado. Segundo a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) 283/2005 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) são instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinada a domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade e dignidade e cidadania.

No entanto, no Brasil, apesar da resolução, não há consenso sobre o que seja uma ILPI, segundo Marilia Berzins, assistente social especialista em Gerontologia e presidente do Olhe (Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento). “Sua origem está ligada aos asilos, inicialmente dirigidos à população carente que necessitava de abrigo, fruto de caridade diante da ausência de políticas públicas”, afirma.

Como a maioria das instituições brasileiras desse tipo são filantrópicas – 65,2%, segundo a especialista – quem as busca é uma população carente financeiramente e sem moradia, o que contribuiu para o preconceito existente em relação a essa modalidade de atendimento.“As ILPIs são necessárias no cenário nacional e se destinam à moradia de pessoas idosas que não têm condições de ficarem com suas famílias ou cujos vínculos são fracos e inexistentes. Infelizmente, elas são vistas ainda como vilãs por parte das famílias, da sociedade e mesmo por profissionais que trabalham com envelhecimento”, afirma.

Por conta do preconceito, o termo asilo caiu em desuso e foi substituído por “casa de repouso”. No entanto, hoje, a maioria das moradias para idosos passam longe da imagem de asilo que tinham antigamente, graças, principalmente, à fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).As ILPIs, atualmente, são voltadas, em sua maioria, para o idoso que precisa de cuidados de saúde. “Elas oferecem cuidado de saúde 24 horas, porque aqui no Brasil a demanda mais comum ainda é essa, diferentemente de outros países em que idosos mesmo sem problemas clínicos decidem mudar de casa e estar em um ambiente com mais cuidados para idosos”, explica a geriatra Ana Beatriz Di Tommaso.Centro de convivência.

O centro de convivência está do lado oposto da instituição de longa permanência. “É para o idoso saudável, sem nenhum tipo de dependência, que quer se exercitar e ter uma boa integração social e vai até lá por conta própria, sem depender de um familiar que o leve”, diz Marília Sanches, terapeuta ocupacional especialista em Gerontologia do Koru Centro-Dia.Nesses locais, são desenvolvidas atividades que contribuam no processo de envelhecimento saudável, no desenvolvimento da autonomia e de sociabilidades, no fortalecimento dos vínculos familiares e do convívio comunitário, conforme explica Marilia Berzins. “Este serviço é desenvolvido no âmbito dos CRAS – Centro de Referência da Assistência Social – com foco na qualidade de vida, exercício da cidadania e inclusão na vida social, sempre com caráter preventivo à dependência e perda de autonomia”, afirma. “É uma prática bem presente nos municípios brasileiros e geralmente estão vinculados às atividades das Secretarias de Assistência Social”.

Além das unidades ligadas aos governos municipais e estaduais, as unidades do Sesc – Serviço Social do Comércio – também desenvolvem diversas ações esportivas, culturais e sociais para os idosos. Centro-diaEsta é uma modalidade de serviço que começa a ganhar espaço no Brasil. É uma opção meio-termo em relação às ILPIs, um espaço para atender o idoso semidependente que não pode passar o dia sozinho. “Normalmente é aquela pessoa que está no início de uma demência, mas parece super bem até o dia que ocorre um evento adverso – esquece o fogo ligado ou não consegue tomar banho sozinho, por exemplo – e a família percebe que ele precisa de uma assistência durante o dia com os cuidados para higiene, para tomar seus remédios e alimentar-se”, explica Marilia Sanches.

Nos centros-dia o idoso pode ficar o período integral ou meio-período e alguém deve buscá-lo para levá-lo de volta para casa no final do dia. Ali, além dos cuidados, ele desenvolve atividades para fortalecer e melhorar as capacidades que o idoso tem preservadas. Erroneamente, muitas pessoas têm chamado os centros-dia de creche para idosos. “É uma péssima nomenclatura, porque não tem nada a ver”, diz Marilia.

Essa modalidade de atendimento aos idosos está prevista na Política Nacional do Idoso e no Estatuto do Idoso. “Ainda assim, os centros-dia públicos são raríssimos no Brasil. A oferta é mínima e não atende as reais necessidades”, afirma Marilia Berzins.A geriatra Ana Beatriz observa que idosos com alteração cognitiva podem ficar confusos ao mudar de ambiente com frequência. “Eles precisam de rotina para comer e dormir melhor, para organizar melhor o padrão de sono e o alimentar. Então é preciso tomar uma decisão conjunta com os profissionais da saúde para optar pelo centro-dia”, diz.Home care.

A tradução literal do termo em inglês é “cuidado em casa”. Nessa modalidade de atendimento, uma equipe de saúde vai até o ambiente domiciliar, de acordo com as demandas do paciente, que pode ser fisioterapia, fonoaudiologia, enfermagem ou até cama hospitalar, oxigênio e outros cuidados. Em alguns casos, o paciente fica sob cuidados de técnicos de enfermagem 24 horas ao dia.“Pacientes com doenças crônicas ou degenerativas, principalmente acompanhadas de sequelas neuropsicomotoras, são os principais usuários desse serviço”, explica Marilia.

Vale lembrar que os serviços não são exclusivos às pessoas idosas e são prestados por empresas particulares. Por esse motivo, está à disposição apenas de quem pode pagar ou possui convênio médico, já que a rede pública não dispõe desse serviço.Melhor em casaEmbora não ofereça todas as possibilidades de um home care, o Melhor em Casa é um programa do Governo Federal, criado em 2011, para prestar atendimento médico e outros serviços de saúde domiciliar a idosos, pessoas com necessidade de reabilitação motora e pacientes crônicos.

As equipes que prestam atendimento são formadas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas, mas há ainda fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, dentistas, assistentes sociais e outros, conforme a necessidade.Para ser contemplado pelo programa, a inscrição deve ser feita diretamente na unidade básica de saúde em que o paciente costuma ser atendido. Cada UBS verifica a possibilidade e a elegibilidade do paciente para receber esse tipo de cuidado domiciliar.